2 de março de 2015




        
                                      PRISÃO

  1. Cilene é prisioneira. Não consegue libertar-se; os fatos,os acontecimentos, já na sua infância a perseguiam, deixaram-lhe marcas, são difíceis  de desvencilhar. Agora que já está mais adulta, poderia esquecer tudo. Os traumas lhe assaltam à noite, roubam sua paz, seu viver, convivem seu respirar, embrenham-se corpo adentro, acalentam seu sono pesado, esmagam seus sonhos, empobrecem seu espírito. Gostaria de caminhar como todos, ser igual, ter suas dores como eles. O fardo ficou sobrecarregado, embora reconheça-o, sabe exatamente seus limites. 
  2. Como os viandantes, os desamparados, abandonados, sentiu-se; viu-se neles, compreendeu. A vida não só traz ternuras, felicidades, mel para bebermos todos os dias. Muitas vezes, experimenta-se o amargor, o azedo. Transformar-se dentro, cuspir o azedume, aceitar a catarse, Cilene aprendeu. 
  3. Os grilhões antigos já se romperam, os de agora são infinitos, amarram as mãos, o corpo inteiro. Estão sendo partidos, um a um, porque a vida é mais emocionante, compensa todos os infortúnios...

  4. Autoria= Gino Marson           02/03/2015     2:29



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