29 de agosto de 2015




                        "EU"

Observe seu "EU" de fora! Mas de dentro é que terá de encontrar forças para domá-lo, compreendê-lo e torná-lo seu aliado!

Autoria= Gino Marson        29/08/2015             1:09


                 DE  REPENTE

Uma desconhecida
Pela tela dividida
Era longe, muito
Voz fugidia
Dizia 
Trêmula
Enxabida...
Quero te ver
Um dia
Saber de você
Todo seu ser
Onde esteve
Como pode
Me desvendar
Me conhecer
Inteira
Ainda
Que por pouco
Ser feliz
Nos braços
Desconhecidos!...

Autoria=  Gino Marson        29/08/2015     2:09

20 de agosto de 2015



                        AMAR

Amar é importar-se com tudo e com todos. Nunca esquecê-los! Nem que seja numa Síndrome do Pensamento Acelerado. É gostoso pensar a todo segundo de quem se gosta muito!

Autoria= Gino Marson      15/08/2015      15:30

19 de agosto de 2015



                         PENSAMENTO RETROATIVO

A cabeça das pessoas, o seu pensamento, é como a natureza. Árvores, arbustos, flores, bem cuidadas, plantadas em harmonia, de forma arranjada, no meio da grama, ao lado de lagos, pequenos corixos, mata ciliar para abrigar as margens dos rios e seus habitantes, da flora e fauna, ou desbragadamente desuniformes, sem conceitos, destruída como a catinga do agreste. Não é culpa da natureza que isto aconteça. O ser humano interfere, põe a mão, destrói a beleza. A estética é a visão interna do ser, como vê e assimila, a disposição, o arranjo. Quando as mentes estão obcecadas, atormentadas, destroem o belo; até por dinheiro. Depois é difícil refazer...

Autoria= Gino Marson        19/08/2015      3:19  

15 de agosto de 2015



                           DESPEDIDA

O padre rezou, benzeu, disse palavras de consolo; lágrimas rolaram, o peito apertou, espremeu o coração, já estava perto da despedida final. Nunca mais a veriam aqui. Seu corpo ficaria escondido, sepultado; só numa solidão profunda. Tudo é muito doído, difícil de suportar e explicar. O padre rezou mais um pouco. Disse:
--- Não chores, sorria, porque a alma estará em breve junto ao pai. Assim prometeu Jesus. Até ele pediu permissão para tal viagem. 
Ela já estava viajando, só a alma,  o espírito que sobrevive, numa calma celestial, flutuando, seguindo célere ao destino final. O corpo, ora o corpo, já tinha exercido seu papel. Viveu intensamente, gozou das delícias aqui. Como a árvore ; longos anos dando sombra, flores, frutos, purificando o ar, depois retorna , de onde iniciou, pequenina sua jornada. Só resta tornar-se novamente o que se espera. Matéria do que somos, organismos que dissiparão junto ao caixão. Não chores pela morte, ela não existe, ela está no pensamento de quem a testemunha, persiste ai enquanto lembramos como ela passa e assombra. Aquele que fica, ainda não viajou, vai contar a história...

Autoria= Gino Marson         15/08/2015        0:05

9 de agosto de 2015



                     REFLEXÃO  COSMOPOLITA

Ficou viúvo, havia dois anos, uma mulher nova, bonita, desejada. A doença apareceu de surpresa, como um raio, fulminou. Nem a medicina deu jeito. Só um milagre, mas não aconteceu. Eles só acontecem para os pastores, nas religiões que enganam seus fiéis. Mostram-lhes os milagres, como se fossem de verdade, enganam seus seguidores com encenações, artifícios mágicos, onde o dinheiro é o poder, o poder é a opulência, os embustes camuflados, vida de mentiras para viver a riqueza. Agora era ele. A morte já o espreitava, recebeu-a com humildade. Estogumber seu nome de fato. Não era velho, muito menos novo. Meia idade diriam... Morreu numa segunda, dia esquisito para despedir-se dessa deliciosa vida. No velório não foram muitas pessoas. Uns trinta, quarenta, por ai... Desde casado, ainda junto a falecida, pediu para ser enterrado com o seu membro. Roliça chamava, dizia ser, amigo inseparável. Bem no meio das pernas, sempre lá estava. Balançava até se cansarem. Nem tudo na vida pode coincidir, mas se fosse o caso, seria assim. Afinal todos gostavam desse membro especial. Sua falecida mulher, suas filhas, a vizinha do lado. E era grande, cheia de pelos que só. A filha, até ela choraria, quanto mais a mulher se fosse viva. E aconteceu; a morte esperada, tudo em um só dia. O inesperado aconteceu também... Muitos testemunharam. A filha chorava a morte do pai e mais o que se escondia no meio das pernas... Se a cônjuge estivesse viva, tudo seria mais escandaloso. O pranto da garota era uma judiação, um choro plangente, cheio de amor...
--- Que ele se vá, chegou a hora, é determinação divina. Junto levar o que mais gosto, nas pernas, isso não! Não poderei resistir... 
E sobre um ambiente fúnebre, melancólico, lá foi Estogumber levado, com mãos firmes, para ser sepultado. Uma vizinha,  bondosa e compreensiva dizia:
--- Fique triste não, ainda há uma esperança, você pode ainda recuperar a sua preciosidade!..
E foi dito e feito, como um milagre, um filme, não tinha acontecido por duas vezes. A salsicha, como a tratavam as filhas e a mulher carinhosamente, saltou no meio das pernas abertas de Estogumber, esperta, ganindo, latindo, sacudindo o pitoco. Não foi enterrada junto. Era a cachorra compridinha, de estimação. Sofria de catalepsia, estava salva, apesar da debandada do povo que seguia o féretro, caindo por cima dos túmulos, atropelando-se sem nada entender...

Autoria= Gino Marson         08/08/2015         2:24

8 de agosto de 2015



                           CAMINHOS

Para não pisarem na grama, é preciso calçar os caminhos feitos sobre ela, eles são democráticos, usados todos os dias.

Autoria=  Gino Marson        08/08/2015        4:51

4 de agosto de 2015



                           DESCULPE AMIGO

Cecil, jamais esquecerei de você! Onde estiver, seja onde for, estarei contigo. Em pensamento, em coração; sentimentos, sabe... Não eras simplesmente um felino, um animal. Tinhas os sentimentos nossos. O choro, a dor, o amor aos seus filhos, a dedicação, eram mais que atos animalescos, eram gestos de ternura, afagos que mantinham nossa fé; bem querer de todos. Sentiste o amargor da ignorância alheia, a brutalidade dos seus algozes; como ele sentiu na cruz, sem poder reagir. Com tanta força e fé, ainda assim não pudeste lutar.  Ferido mortalmente, sentiu o martírio aos poucos, viajaste ao máximo da sua força. Sofreu, em agonia mortal, por nós, provando a bestialidade do homem... A flechada foi mais que uma provação; calvário na sua própria moradia. Cecil não te esqueça um minuto, onde estiver, urre por nós, bem alto, nossos frágeis ouvidos escutarão. É uma forma de amainar nosso sofrimento por você. Jamais te esqueceremos, estarás sempre conosco. Um dia nos encontraremos bem lá na selva do infinito. Te abraçarei, sem preconceito, bem forte, embora chorando, soluçando... Me desculpe...

Autoria= Gino Marson       04/08/2015         0:23