16 de novembro de 2014


                                UNIVERSO

O tempo daqui é diferente do tempo do universo. Não se conta da mesma forma. Aqui é a caldeira. Lá é o mormaço. Aqui o amor pede reciprocidade; lá já está implícita. O beijo aqui quer ser demorado, com medo de amanhã não ter mais. No universo o beijo é suave, vai agindo no corpo lentamente, é sorvido, faz cócegas nas entranhas. O abraço lá demora, quase não desgruda; aqui acham que tem de ser brusco, rápido, afinal temos que ir trabalhar, estudar, academia me espera... A transa aqui é uma rapidinha, não posso me emocionar, apaixonar; tenho que mostrar que sou macho. As fêmeas fazer de conta que não se entregam. Lá... Demora tanto, dá um frio nas partes, nem queremos parar. Que sossego, prazer inexplicável...
Aqui estamos morrendo vivos, escalpelados pelos nossos vis sentimentos, atordoados pelo egoísmo que nos toma, competindo com nossa própria inteligência. Pomos a prova o que podemos ser, aquilo que o herói já desistiu de fazer. 
A morte nos ronda, suicidamo-nos um pouco a cada dia, sempre...
No cosmo, no universo, distantes ou contíguos daqui, podemos capturar não só a luz, mas a sabedoria contida nas estrelas. Seus desígnios, suas moradas, sua vida infinita que conserva. Podemos no universo cantar, sorrir, xingar, amar, beijar, abraçar; tudo é permitido lá... Até morrer de amor mais fundo, feliz, enquanto estivermos juntos. Duas almas evoluindo e procurando...

Autoria= Gino Marson         16/11/2014      2:29

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