2 de agosto de 2014



                                     ABENÇOADO


Nasceu miudinho, frágil, quase raquítico, pouco chorava, porém todos o amavam. Eram beijinhos daqui, beijinhos dali, uma profusão de carinhos, afagos que o cercavam. O rei da casa, isso é o que era. Os estranhos nem podiam relar. --- Cuidado! Pega com carinho, segura bem! --- Tais eram os tratamentos que ele sofria de tantos mimos. Começou a crescer e os problemas de saúde também. Certo dia, inesperadamente, teve uma convulsão, espasmos pelo corpo, pelas perninhas, a cabeça tremia um pouco, e não se sabia o que era. O diagnóstico veio logo, sem dúvida, era epilepsia. Os neurônios davam uma descarga e logo vinha o resultado. Não era mortal. Tinha de conviver com a doença. Só tomar um Gardenal por dia, estava pronto para suas traquinices. Já tinha doze anos, era uma graça, todos queriam abraçá-lo, até pessoas estranhas à casa. Não se recusava as meiguices  de outros que não lhe fossem conhecidos. O que entristecia, algumas poucas vezes, teve que ficar sozinho, embora que fosse com seu amigo, enquanto ela ia ao supermercado. Não chorava, isto não fazia parte do seu repertório... Brincava, brincava demais com seu amigo que tinha oito anos. Certas criaturas, vem a esse planeta para exemplificar a vida. Sofrem... muito as vezes, sorrindo sempre enquanto passam.
Há outro personagem, tem três anos, faz do "Spike" gato e sapato. Ele não reclama. Só faz, rrrrrr... rrrrrr. Nunca morde, só ameaça. O Renan diz:
--- Quieto Tadi! Para Tadi!... Vem aqui Tadi! --- Empurra com a barriga, e ele só rosna, rrrrrr! Morder; que nada, é uma alma anarquizada, cheia de bondade extremada, mesmo sendo chamado por um nome diferente do de batismo...

Autoria= Gino Marson    26/05/2014    17:l6

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