15 de agosto de 2015



                           DESPEDIDA

O padre rezou, benzeu, disse palavras de consolo; lágrimas rolaram, o peito apertou, espremeu o coração, já estava perto da despedida final. Nunca mais a veriam aqui. Seu corpo ficaria escondido, sepultado; só numa solidão profunda. Tudo é muito doído, difícil de suportar e explicar. O padre rezou mais um pouco. Disse:
--- Não chores, sorria, porque a alma estará em breve junto ao pai. Assim prometeu Jesus. Até ele pediu permissão para tal viagem. 
Ela já estava viajando, só a alma,  o espírito que sobrevive, numa calma celestial, flutuando, seguindo célere ao destino final. O corpo, ora o corpo, já tinha exercido seu papel. Viveu intensamente, gozou das delícias aqui. Como a árvore ; longos anos dando sombra, flores, frutos, purificando o ar, depois retorna , de onde iniciou, pequenina sua jornada. Só resta tornar-se novamente o que se espera. Matéria do que somos, organismos que dissiparão junto ao caixão. Não chores pela morte, ela não existe, ela está no pensamento de quem a testemunha, persiste ai enquanto lembramos como ela passa e assombra. Aquele que fica, ainda não viajou, vai contar a história...

Autoria= Gino Marson         15/08/2015        0:05

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