23 de maio de 2015



                            SEM AMIGOS

O vento soprava forte, a face ressequida, o menino triste, mortificado, já perdeu toda família. Até seu melhor amiguinho, Dindim, talvez tenha morrido. Segue sem destino, na estrada, quase só um caminho, poeirento, cheio de pedras, buracos de todo tipo. Onde vai dar, não sabe. Apenas um indicativo: "Fronteira" . Fim de um caminho. Começo de uma tortura, infindável procura. A guerra não é feita pelos meninos, cachorros, passarinhos, indefesos. Ela é uma praga arrumada pelos adultos, inconformados, tresloucados, sem um pingo de juízo. O que resta ao menino; ficar na fronteira, esperar por um destino. É muito frágil, franzino; chora, chora, sem conseguir entender, tudo aquilo. Olha o céu, procura, não encontra. 
--- Onde está Deus, aquele dos pequeninos, onde se meteu?
Mesmo assim faz um gesto, uma prece, e na fronteira poeirenta desaparece...

Autoria=  Gino Marson        23/05/2015    0:17

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