20 de setembro de 2014




                               
 
As águas do riacho deitavam-se sobre os cascalhos e pedras do fundo do vale. Parecia uma grande lágrima, espalmada por entre os rochedos e algas que balançavam sem cessar. Havia chovido, o choro tinha vindo do alto, enquanto engrossava o choro maior.Os pássaros também faziam festa. O bem-te-vi, o sabiá laranjeira, as sairas, as andorinhas. Até os peixes, por debaixo das pequenas pedras, dos poços que se formavam pelos redemoinhos, não paravam de festejar. Tudo irradiava vida e beleza. Nunca encontrei lugar assim. Estava no meio do paraíso. Envolto nos meus pensamentos e preocupações. Estava só... Um ponto bem minúsculo no cosmo. Na imensidão do tudo e do nada. Aí percebi; era apenas um grão, bem pequeno, miúdo. Uma célula, um átomo. Eu estava só... Ninguém conversou comigo. Só eu vi...
 
Autoria= Gino Marson   15/11/2013 

Nenhum comentário:

Postar um comentário