1 de fevereiro de 2018




                          INCERTO

O amigo lhe disse: Vá por esse caminho que estou indicando. Vai dar certo. Sai bem lá na praia. Era sua féria anual. Conseguira trinta e três dias. Três era uma bonificação. Não faltou nenhum dia durante o ano todo. trabalhou todos sem falhar. Ficar doente nunca acontecia. Era a sua natureza, procedência... Pensou bem e seguiu os conselhos do amigo com quem trabalhava. Tinha um carro da época, pequeno, forte, resistia a tudo, menos aos acontecimentos da malfadada viagem. No início foi tudo bem. Uma boa rodovia, três pistas de cada lado. Quando se aproximou de uma cidadezinha no topo da serra, os problemas se iniciaram. Perguntou... Disseram-lhe: É boa... Só ir bem devagar, com cuidado. E que cuidado teve de exercer: Uma descida íngreme, a ruazinha só de terra e muita pedra, só cabia um carro e mais nada. Se viesse um outro lá de baixo, seria um trauma. Onde encostar para o outro passar. Já era noite, outro detalhe despercebido, deveria descer de dia, pelo menos teria toda a claridade... Uma via crucis para descer os poucos quilômetros que separavam a pequena cidade no topo da serra, o mar que o esperava lá em baixo. Se o pequeno carro tivesse pouco freio, teria despencado morro abaixo. Quantas aventuras nos metemos na vida... Umas são apenas burocráticas, sem afetar muito nossos valores... Outras que nos metemos, são mais contundentes: Os casamentos mal pensados, as relações aceitas por ímpetos, os acordos mal feitos com as pessoas que pensamos amar e conviver... O humano é assim mesmo. Turbinado de vontades, e quando elas aparecem, queremos aproveitar  e não raciocinar mais, ser aquilo que sonhamos, nem que seja só por uns dias, umas horas... Nossa estada aqui é assim mesmo. Fazemos todas as peripécias para sermos felizes. Sempre, ou quase sempre, recebemos os benefícios de nossa ousadia, nossa aventura. Quem dai recusa sorrir sempre, ter algo bom para relembrar, um cantinho para até chorar, mas de alegria, não o descontentamento dos oprimidos e derrotados; àqueles que vivem a sombra da depressão e do arrependimento... 

Autoria= Gino Marson     20/01/2018    11:57
 

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