26 de julho de 2017




                                ESTRANHA

Estava no Metrô, dentro do vagão, eram poucos passageiros, o horário de pico não era aquele. Sentado, olhando as estações que demarcavam as  paradas. Logo que o trem parou em uma delas, uma bela moça entrou, sentando-se ao seu lado. Puxou conversa dizendo dos tempos que tudo era mais tranquilo; o cidadão podia  andar por todos os lugares sem ser importunado, assaltado. Andava com um pacote de dinheiro debaixo do braço, nunca foi roubado. Quem portava carteira de trabalho consigo, quando abordado pela polícia, podia seguir tranquilamente, até recebia elogios. O documento de trabalho até rasurava de tanto caminhar junto, no bolso de trás, onde era sacado para a autoridade saber que era trabalhador. Esses anos de ouro foram embora, só restou a nostalgia. Hoje muitos estão desempregados, sem perspectiva, os documentos portados são outros. Se alguém retirar do caixa eletrônico uns míseros cem reais, pode ser morto por quem o roubar a mão armada. A bela moça comentou, logo desceu, foi-se na multidão, com uma saudação rápida, sempre com pressa. Todos só andam com pressa, como a vida tornou-se rápida também, até as relações fugazes que não se concretizam, correm atrás do tempo que é curto, sem compromissos , chora pela falta dos beijos, abraços, muito rápidos, passageiros. Os carinhos fenecem nessa louca corrida em busca do nada...

Autoria= Gino Marson        20/07/2017       14:43

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