25 de janeiro de 2016



                            INVASÃO

Quando os europeus chegaram aqui em nossa terra,
havia mais ou menos, oito milhões de criaturas que aqui habitavam, espalhadas por todo esse território. Viviam do que a terra e a mata lhes davam. A dádiva era grande. Aqui eles tinham tudo de que precisavam. Nem se esforçavam muito. Nos arredores de suas moradias, aparecia de tudo. Animais que eles abatiam, frutas que saboreavam, peixes em grande quantidade, festa aliada a natureza. Viviam aqui, dessa forma, havia muito tempo. Ai chegou o europeu, com um Deus que eles nem sabiam que existia. Jesus... Haaa... Sei lá quem é esse branco... Deus... Nós gostamos da lua. Vê como é linda. E cheia... Ilumina até nossa noite. Amanhã tem o sol... É forte, quente... Até incendeia nossa mata. Os rios, esses são pródigos. Tem peixe para dar com pau. Muito mesmo. As árvores, muito boas. Algumas são remédio. Tem outras que possuem tantos frutos, não damos conta! Esse Jesus... Não conheço... Sei não quem é... Traz ele aqui. Nós vamos gostar de vê-lo. Já morreu! Que pena! Poderia dançar conosco. Íamos pintá-lo. Tenho até um colar que lhe serviria... Se ele quisesse minha filha, ela casava com ele... Muitos filhos poderiam ter. Ela é bonita, caprichosa. Sabe assar o peixe, faz beiju, planta roça! Como ia ser bom...
O índio ri muito, canta, dança. Nossa cultura não suporta tanta beleza nos outros. Somos fatalistas, vemos só coisa feia, naquilo que o belo está implícito. Destruímos só para dizer e bater no peito. Eu fiz, fui eu... 
E quando os estrangeiros aqui chegaram, invadiram, impuseram-lhes uma nova crença, eles não sabiam, eram mais inocentes...

Autoria= Gino Marson       25/01/2016     3:49

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