Melhor assim...

No sábado, lavava o carro, limpava, até pretinho nas rodas passava. Depois cortava a barba, bem rentinha de maneira que não espinhasse. Penteava bem o cabelo, a melhor calça vestia, a camisa nem se fala. Comprava umas balas de hortelã, a boca refrescava, também dava pra ela, assim o beijo era gostoso, ficava cada vez mais doce, cheio de amor, até transbordava.Ha! quanta felicidade, quanta vontade de mais e mais.

Escuta você! Você  também, homem ou mulher...O tempo vai passando, não sei quanto, vai passando...O coração doente; doente de amor. Um dia, não sei quanto se passou, muito tempo, pouco tempo... Sabe? Não se mede, enebriado que está; talvez a maquina do tempo sabe...

Num encontro que poderia ser bom, um olhou pro outro, um olhar fundo, longínquo, sem sabor, apesar da bala de hortelã. No peito calou uma dor, uma pontada, doída, lá no fundo, já sabia o que dizia, sem uma palavra ser dita. Um murmúrio quase rouco, voz fugidia, falou baixinho, sem força, morrendo de dó, como se morte trazia...

Não quero mais, vamos terminar aqui. Chegou ao fim. Não sinto mais nada, apesar de tudo que senti!...Não fique assim, fale algo, me xingue, me maltrate, ofenda-me, fale tudo que desejar...

O tempo passou, quanto tempo eu não sei, mas é melhor aqui.

Sofrer agora, só nos enamoramos afinal, melhor morrer de amor aqui, sem saber o pior adiante.

Sinto demais; do jeito que te escrevi. Melhor agora que se pode rir, até da desgraça. Pior é ir adiante vestindo uma carapaça!...

Autoria= Gino Marson