22 de abril de 2011

Abandonado

Estava passeando, dentro do carro, não era domingo. Nos domingos as pessoas não saem muito, ficam dentro de casa, assistem na televisão o futebol, Faustão , Silvio Santos. Com certeza era outro dia. Dia de pagamento, isso sim, poderia ser. Todos saem para comprar, gastar. As ruas estavam lotadas, um burburinho sem fim. O carro parou, desci, não era de costume ali. De repente me vi só, olhei, para lá, para cá, estava sozinho, perdido, sem saber para onde ir.
Meu Deus, valei-me, o que faço? Fiquei amedrontado, nunca passei situação assim. Uma voz calma, serena, confortante, me falou:
_ Você foi abandonado? Não percebeu, agora já era! Fique calmo, sou seu anjo, enviado pelo senhor. Sabe seu nome? Endereço, onde mora afinal? Temo que não, está triste, bem percebo. Não chores, não maldiga, isso acontece sempre, pode ser sua sina. Há muita gente maldosa, sem coração, fazem isso sempre. Terão a sua sentença, punição, o supremo tudo vê, não haverá absolvição.
Pensei que aquilo era apenas uma visão, mais um delírio, alucinação. Como pode um anjo guiar um perdido, afinal é como estou. Comecei a perambular, sou muito novo, não sei como a minha casa retornar. Meditei: Como a maldade é grande, falta de amor, abandonar alguém sem nada, nem um pedaço de pão... chorei, cabisbaixo, envergonhado, afinal, não queria revelar meu fracasso. Passei fome. Todos comiam, se fartavam, enquanto eu era esquecido. Ninguém me dava atenção, apenas . eu era mais um. Já não acreditava no anjo, minha fé caiu. Esquecido pela cidade, esfomeado, andando sem rumo. De relance apareceu, o anjo, insistiu:
_ É assim que os homens tratam seus semelhantes! Resiguine-se, levanta a cabeça, esqueça o pessimismo, ainda vai rir desta vaga lembrança!
Foi assim mesmo, uma alma bondosa apareceu, parecia o espírito de Deus, quero dizer , de Cristo. Não pegou minha mão exatamente, mas um sinal eu percebi; como não sou bobo segui. Me conduziu o espírito bondoso, uma casa muito linda, cheirosa, aconchegante, tão humilde, que lembrei dele e chorei. Tive sorte, vivo aqui, tomo sol, descanso, tenho o pão e a água. Brinco , corro, tenho um companheiro quase da minha idade, às vezes chato, mas não incomoda. Que vida boa! O anjo tinha razão: não tinha nome, agora tenho, sempre repetido com amor. Vou falar para  os quatro cantos, todos ouçam com atenção: Snoopy! Snoopy! Snoopy! Sou o cachorro mais feliz deste planeta!


Autoria=  Gino marson        20/04/2011       23:00


Snoopy












Snoopy (adorando seu irmãozinho)

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